Um Santo Desconhecido

Um Santo Desconhecido

O título de doutor é dado a quem possui o grau acadêmico de doutorado, mas na realidade não é bem assim que acontece: há muitos que tem o grau acadêmico e não tem o título, e há outros que não possuem o grau acadêmico, mas são assim chamados.

A Igreja Católica confere também o título de “doutor” a alguns santos. Evidentemente a atribuição do título não se dá em base aos estudos acadêmicos, mas a características bem precisas. São três: 1. Ortodoxia de doutrina ou eminência do seu ensino. 2. Santidade de vida. 3. Aprovação ou proclamação da Igreja.

Quando estas três características estão presentes em um santo, a Igreja proclama, ou melhor, reconhece o título de “Doutor da Igreja”. Essas três condições, na verdade, exprimem que os “Doutores” ensinaram a doutrina da salvação em comunhão fiel com a Igreja não só com palavras de grande valor literário, mas principalmente através de uma vida de luminosa santidade. Em poucas palavras: praticaram o que ensinaram aos outros e só ensinaram o que praticaram pessoalmente.

Na Idade Média, a Igreja latina reconhecia como “Doutores da Igreja” somente quatro santos: Ambrósio, Agostinho, Jerônimo e Gregório Magno. Na Igreja Oriental, os Doutores da Igreja eram três: Basílio, Gregório de Nazianzo e João Crisóstomo.

Essa lista foi com o tempo aumentada. Entraram nessa lista muito seleta várias mulheres: Santa Teresa de Ávila, Santa Catarina de Sena, Santa Teresinha do Menino Jesus, Santa Hildegarda de Bingen. Até hoje a Igreja reconheceu ao todo 36 “Doutores da Igreja”.

Um destes Doutores da Igreja é muito pouco conhecido enquanto tal: Santo Antônio. Como pouco conhecido? Sim, pouco conhecido como Doutor da Igreja e muito conhecido como Santo casamenteiro.

Antônio era um padre da ordem Agostiniana. Em certa ocasião presenciou o retorno de cinco corpos de padres franciscanos que foram mortos no Marrocos. O martírio daqueles padres, provocou em Antônio um irresistível desejo de seguir o exemplo deles. Por isso, se tornou franciscano e embarcou para Marrocos. Uma doença, porém, o impediu de levar avante este projeto e, por isso, retornou. O navio que o traria de volta, no entanto, foi jogado por uma tempestade no litoral da Sicília e nela permaneceu algum tempo até ser convidado a participar do Capítulo dos franciscanos em Assis. Foi naquela cidade da Itália que se encontrou com S. Francisco.

Passou muitos anos num convento perto dos muros de Pádua, entre as panelas da cozinha. Não se sentiu diminuído, nem que seus dotes estavam sendo desperdiçados, mas cumpriu com espírito evangélico suas responsabilidades.

Os superiores do convento notaram as qualidades de pregador de Antônio. Foi assim que começou o período de pregação por toda a Itália e França. Converteu muitas pessoas que tinham caído na heresia. Foi também professor de teologia da Ordem dos Franciscanos. Ele aliava ao conhecimento teológico e bíblico a filosofia, as ciências e a cultura árabe da península ibérica. Escreveu vários sermões, cheios de doutrina e de unção espiritual. Morreu em Pádua no dia 13 de junho de 1231.

Foi o Papa Pio XII que proclamou Santo Antônio “Doutor da Igreja”, dado a sua grande sabedoria e domínio em memorizar, compreender e falar do Evangelho de forma plena.

Alguém ainda pode perguntar: “Mas eu posso pedir um bom casamento a Santo Antônio?” Claro que sim! Ainda mais nesses tempos que precisamos formar casais e famílias para Deus. Vivemos tempos de relações descartáveis, e Santo Antônio pode interceder pelos que desejam se casar.

Não limitemos, porém, a devoção a Santo Antônio apenas ao “Santo Casamenteiro”! Nesse sentido, leiamos com atenção um pequeno extrato deste desconhecido “Doutor da Igreja”.

Quem está repleto do Espírito Santo fala várias línguas. As várias línguas são os vários testemunhos sobre Cristo, a saber: a humildade, a pobreza, a paciência e a obediência; falamos estas línguas quando os outros as veem em nós mesmos. A palavra é viva quando são as obras que falam. Cessem, portanto, os discursos e falem as obras. Estamos saturados de palavras, mas vazios de obras. Por este motivo o Senhor nos amaldiçoa, como amaldiçoou a figueira em que não encontrara frutos, mas apenas folhas. Diz São Gregório: “Há uma lei para o pregador: que faça o que prega”. Em vão pregará o conhecimento da lei quem destrói a doutrina por suas obras (Sermões I,226).

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